quarta-feira, 4 de junho de 2014

Cobra Norato

 Salvou muita gente de morrer afogada.Direitou montarias e venceu peixes grandes e ferozes.Por causa dele a piraíba do rio Trombetas Abandonou a região,depois de uma luta de três dias e três noites.
 Maria Canina era violenta e má.Alagava as embarcações,matava os náufragos,atacava os mariscadores que pescavam, feira os peixes pequenos. Nunca procurou a velha tapuia que morava no tejupar do cachoeiri.
 No porto da cidade de Óbtos, no Pará, vive uma serpente encantadora, dormindo, escondida na terra,com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant'Ana, na igreja que é da mãe de Nossa Senhora.
 A cauda está no fundo do Rio. Se a serpente acordar, A igreja cairá. Maria Canina mordeu a serpente para ver a igreja cair. A serpente não acordou mais se mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a matriz de Óbidos.
 Cobra Norato matou Maria Canina por que ela era violenta e má. E ficou sozinho, nadando nos igarapés, nos igarapés , nos rios, no silêncio dos paranãs.
 Quando havia putirão de farinha, dabucuri de frutas nas povoações plantadas à beira-rio, cobra Norato desencantava, na hora em que os aracuãs deixam de cantar, e subia,todo de branco, para dançar e ver as moças, conversar com os rapazes, agradar os velhos.
 Uma vez por ano Cobra Norato convidava um amigo para desencantá-lo. Amigo ou amiga. Podia ir na beira do paranã, encontrar a cobra dormindo como morta, boca aberta, dentes finos, riscando de prata o escuro da noite: sacudir na boca aberta três pingos de leite de mulher e dar uma cutilada com ferro virgem na cabeça da cobra, estirada no areião.
 Cobra fecharia a boca e a feridas daria três pingos de sangue.Horonato ficava só homem,para o resto da vida.
 O corpo da cobra seria queimado. Não fazia mal. bastava que alguém tivesse coragem...

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