Maria Canina era violenta e má.Alagava as embarcações,matava os náufragos,atacava os mariscadores que pescavam, feira os peixes pequenos. Nunca procurou a velha tapuia que morava no tejupar do cachoeiri.
No porto da cidade de Óbtos, no Pará, vive uma serpente encantadora, dormindo, escondida na terra,com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant'Ana, na igreja que é da mãe de Nossa Senhora.
A cauda está no fundo do Rio. Se a serpente acordar, A igreja cairá. Maria Canina mordeu a serpente para ver a igreja cair. A serpente não acordou mais se mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a matriz de Óbidos.
Cobra Norato matou Maria Canina por que ela era violenta e má. E ficou sozinho, nadando nos igarapés, nos igarapés , nos rios, no silêncio dos paranãs.
Quando havia putirão de farinha, dabucuri de frutas nas povoações plantadas à beira-rio, cobra Norato desencantava, na hora em que os aracuãs deixam de cantar, e subia,todo de branco, para dançar e ver as moças, conversar com os rapazes, agradar os velhos.
Uma vez por ano Cobra Norato convidava um amigo para desencantá-lo. Amigo ou amiga. Podia ir na beira do paranã, encontrar a cobra dormindo como morta, boca aberta, dentes finos, riscando de prata o escuro da noite: sacudir na boca aberta três pingos de leite de mulher e dar uma cutilada com ferro virgem na cabeça da cobra, estirada no areião.
Cobra fecharia a boca e a feridas daria três pingos de sangue.Horonato ficava só homem,para o resto da vida.
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